quinta-feira, 21 de abril de 2011

Família não.... agora a moda é ...Colcha de Retalhos


Amo colcha de retalhos!
Que arte maravilhosa essa: unir harmoniosamente pedaços diferentes de tecidos.
Bom, é claro que a maioria delas não passa de uma colcha de retalhos construída mais com um espírito de aproveitamento do que de arte.
Por que, até para a arte da colcha de retalhos, é preciso alguns requisitos como: combinação de cores ou descombinação pensada, simetria, encaixe, enfim são as chamadas técnicas de patchwork. Maravilhosas.

Mas o fato é que estava analisando as famílias contemporâneas e infelizmente me veio à mente exatamente isso: uma colcha de retalhos. Mas não aquela fruto da arte, mas a outra mesmo, aquele tipo de colcha que é feita sem critério, ao acaso, ou por mera atribuição dos autores, mediante o que tinham a mão, sem critérios de escolha, unicamente para servir ao proposito de uma colcha: proteção do frio momentâneo.

E é assim que esta colcha de retalhos social está se formando: casais se casam no ardor de uma paixão, ou por uma simples atração sexual, inspirados por filmes ou novelas ou pelo último casamento do colega de trabalho, ou pelas notícias das revistas que fazem disso uma continuidade dos filmes de Walt Disney, aqueles de princesas, claro.

E são exatamente estes casais, os da nossa geração imediatista, onde um minuto de espera no microndas simplesmente os deixa irrequietos, que estão formando as colchas de retalhos.

Uma colcha básica surge mais ou menos assim: duas pessoas se casam, surge então um primeiro quadrado, depois, rapidamente se separam e um se casa com outro um, e o outro, com o um do outro, e depois de nove meses, mais um quadradinho surge aqui e outro ali. Bom, aí dizem: - É a vida, fazer o que?
Então eles têm que unir isso, harmonizar tudo isso, porque afinal os retalhos gerados têm férias, fim de semana da guarda, enfim, toda a demanda que isso gera.

Então os retalhinhos vão se acomodando aqui e ali, e gostando uns dos outros meio superficialmente, afinal não deve ser fácil, gostar de um irmão assim tão instantaneamente. Mas eles conseguem, tanto que depois na adolescência, conseguem até ficar beijando umas 13 pessoas em uma só noite. Chama-se afeto expresso, sub-produto da colcha de retalhos.

Têm outros tipos de colchas também, umas meio psicodélicas, ou inusitadas, têm as divertidas, enfim pra todo gosto. Mas sempre com essa carinha assim, meio... eu que fiz sozinho ou tipo...faça você mesmo, sabe?

Tenho uma amiga de 47 anos que deu uma entrevista esses dias sobre não ter filhos, e disse: - Não encontrei o parceiro certo.
Parabéns pra ela!!! Tiro o meu chapéu. Finalmente alguém percebeu que ter filhos é sério. Provavelmente ela não gosta de colcha de retalhos, só de patchwork mesmo.

Mas, Deus me livre pontuar essas coisas, vão me chamar de careta, chata e fundamentalista, embora esta seja a era da Liberdade de Expressão e nosso país seja livre.

Ninguém quer pensar sobre os melindres dos retalhos, afinal incômodo não é prazeroso e estamos na era do Prazer Instantâneo também, claro!

O casamento formal, aquele antigo, que durava anos, aquele que só a morte separava, aquele em que os casais sabiam a diferença entre os filmes da Disney e as suas vidas e que por isso tornavam-se o esteio e a base educacional dos filhos, aonde as crianças encontravam seus portos seguros no primeiro ambiente e que por isso também podiam caminhar eretamente, mesmo em terrenos arenosos, perdeu o glamour.

Talvez por isso a geração Y não saiba muito bem o que significa essa coisa de lealdade, comprometimento, construção passo-a-passo. Não dá tempo, é tudo tão rápido.

Imagina a raiva, então. Eles mal se acostumam com uma casa e com um pai, ou uma mãe nova, ou irmão, e pronto, já tem que mudar. Impossível...só anestesiando. Uau!

Agora estamos falando até nos termos de uma psicopatia!

Pensando bem, não é que um minuto de microndas tá demorando mesmo?

Imaginem um casamento...

Deus abençoe e proteja esses retalhos, todos...