sexta-feira, 30 de abril de 2010


Maldita Árvore!

Sempre achei que Deus tivesse nos criado para a liberdade, haja vista a infinidade de alimentos que o nosso organismo consegue processar, o tamanho do planeta, a variedade de temperaturas que suportamos e a incrível capacidade de adaptação aos períodos difíceis, fáceis, medianos.
Mas, de todos estes, o que mais me preocupa são os medianos, porque são eles que, com seus ares de oásis, permanecendo por muito tempo em nossas vidas nos levam a mediocridade, intoxicando o nosso mundo dual.
Tendo esta consciência, agradeço hoje tanto aos meus percalços e momentos que acreditei não suportar, mas que me permitiram ir além dos meus limites e conhecer algo maior, quanto aos momentos de extrema felicidade onde reconheci, não a minha grandeza por hoje saber ser incapaz de sozinha produzir tais momentos mas, algo maior. Importantíssimo conhecer algo maior. Aliás, mais do que conhecer, sentir, constatar a grandeza ao perceber a impossibilidade de dimensionar, apesar da minha onipotência, que hoje, após vários últimos eventos, considero reconhecidamente vencida.
Aquele que está além de mim, me convida a deslocar o olhar do meu próprio umbigo, das minhas lembranças, das minhas certezas, das certezas de outros que acabei adotando como minhas, e até do que me fez caminhar pelo mesmo velho roteiro do valoroso mapa que me trouxe até aqui.
O que está além de mim, remexe a seu bem querer nos degraus que diligentemente aprendi a não pular e me devolve os degraus que quis suprimir porque foram exatamente os que me levaram aos percalços citados acima.
O que está além de mim, me convida a pensar sobre o que é bom e o que é ruim, mas me convida a relativizar, nas coisas que não alcanço, indo além e questionando se o que é bom agora, será bom no futuro, e ainda, se é bom mesmo ou será somente para mim.
Sobre o que acho ruim, começo a pensar: se o que é bom pode ser ruim, então o que é ruim também pode ser bom, pra mim ou pra você, e qual será o momento em que tudo isto se transforma? O bom é sempre bem e o ruim é sempre mal, ou nem tanto assim?
Respostas sempre relativas. Ai! Porque quisemos experimentar do fruto? Quanta soberba supor poder julgar.
Canso-me, fico exausta, fraca mesmo, então volto-me para as essências, preciso de um porto seguro. Ah...são os arquétipos! Não tem como errar.... Amor de mãe, maravilhoso, mas se demais, sufocante. Dinheiro, se demais, escravizante, se de menos, fico às vezes sem saber de quem é o valor. Amor, se de menos, árido, se demais causticante. Sabedoria, sempre aquém do que precisaria para ser completamente feliz.
O que seria essencialmente bom então? Já sei! Já sei! O equilíbrio em todas as coisas, a chamada moderação, o mediano, não a moda ou a média.
Mas como experimentar isto neste mundo dual? Mundo onde sempre é preciso ter ido para voltar, a picos de emoção, viajando por entre arrepios e frios estomacais, agarrados ao pêndulo das experiências extremadas.
Maldita arvore!
Ele estava certo. Então, apesar de mim, descanso e agradeço todo o cuidado. Não preciso me preocupar. Ele enviou Alguém pra me salvar de mim e pude ser novamente livre!